9 de setembro de 2019

RESENHA: VOZES DO JOELMA


Vozes do Joelma
Autores: Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini

Editora: Faro Editorial 

Páginas
: 288 páginas
Resenha escrita por:
 Leonardo Santos

Marcos DeBrito, Rodrigo de Oliveira, Marcus Barcelos e Victor Bonini são autores reconhecidos pela crueldade de seus personagens e grandes reviravoltas nas narrativas. As mentes doentias por trás dos livros A Casa dos Pesadelos, O Escravo de Capela, Dança da Escuridão, Horror na Colina de Darrington, Quando ela desaparecer, O Casamento, Colega de Quarto, e da série As Crônicas dos Mortos, se uniram para criar versões perturbadoras sobre as tragédias que ocorreram em um terreno amaldiçoado, e convidaram o igualmente perverso Tiago Toy para se juntar na tarefa de despir os homicídios, acidentes e assombrações que permeiam um dos principais desastres brasileiros: o incêndio do edifício Joelma. O trágico acontecimento deixou quase 200 mortos e mais de 300 feridos, além de ganhar as manchetes da época e selar o local com uma aura de maldição. Esse fato até hoje ecoa em boatos fantasmagóricos que envolvem a presença de espíritos inquietos nos corredores do prédio e lendas sobre lamúrias vindas dos túmulos onde corpos carbonizados foram enterrados sem identificação. Algo que nem todos sabem, é que muito antes do Joelma arder em chamas no centro de São Paulo, o terreno já havia sido palco de um crime hediondo, no qual um homem matou a mãe e as irmãs e as enterrou no próprio jardim. Devido às recorrentes tragédias que marcaram o local, há quem diga que ele é assombrado por ter servido como pelourinho, onde escravos eram torturados e executados. E sua maldição já fora identificada pelos índios, que deram-lhe o nome de Anhangabaú: águas do mal. Se as histórias são verdadeiras não se sabe... A única certeza é que a região onde ocorreu o incêndio tornou-se uma mina inesgotável de mistérios. E, neste livro, alguns deles estão expostos à loucura de autores que buscaram uma explicação.





Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Em clima de sexta-feita 13, lanço essa resenha que é mais do que especial, pois nela contém quatro mini-resenha! Mas o por quê? Muito simples, o livro da vez é o Vozes do Joelma, composto por quatro contos que evocam histórias do Edifício Joelma, palco de um grande incêndio nos anos 70, enfim, vamos dar uma olhada nos contos? Fique se tiver coragem! 


Os Mortos Não Perdoam, de Marcos Debrito. 
Pablo tem 26 anos e um ódio mortal de sua família, isso porque precisa sustentar sua mãe e suas duas irmãs e mal sobra dinheiro do seu suado salário para gastar consigo próprio. Além disso o rapaz é apaixonado por uma moça de origens humildes, o que gera certa repulsa por sua família já que eles se casarem, como irá continuar a sustentá-las com uma outra mulher no caminho? Não demora muito para que Pablo perca o controle, e as consequências disso são devastadoras.

Já começamos com uma história extremamente impactante e aflitiva, Debrito consegue fazer com que mergulhamos na mente psicopata de Pablo conforme a narrativa avança, as ações tomadas por Pablo no início da história podem parecer idiotas demais, mas ao avançar e notar que sanidade era algo que fugia a mente do rapaz eu consegui digerir melhor a história. 

O estilo de horror presente nesse primeiro conto tem um quê de Hitchcock, trabalhando bem com a psique e tensão dos personagens no ambiente, no geral achei um ótimo conto para se iniciar a leitura!


Nos Deixem Queimar, de Rodrigo de Oliveira

Gabriel guarda um segredo. Em sua maleta a todo o motivo de sua aflição, por tanto precisa ir embora do seu serviço o mais rápido possível na intenção de levar a maleta embora. No entanto, ir embora não vai ser tão fácil assim já que sua colega de trabalho, Samara, parece o perseguir com os olhos extremamente desconfiada e... ansiosa. Com certeza ela sabia do seu segredo, ele precisava fugir. 

Dada essa premissa você pode imaginar o quão tensa é a leitura de Nos Deixem Queimar, segundo conto do livro Vozes do Joelma. Rodrigo pra mim foi o que se saiu melhor na questão de criar um cenário e conseguir nos surpreender no durante a narrativa. Ao contrário do primeiro conto, este apresenta um tom mais sanguinário e energético do que Os Mortos Não Perdoam, o que realmente ajuda a leitura fluir! 



Os Treze, de Marcus Barcelos

Amilton é conhecido pelo bairro como um ótimo trabalhador Faz-Tudo, e realmente ele é ótimo, contanto que o paguem de forma apropriada, pois é aí que mora o principal defeito do rapaz. A avareza vem de questões familiares, depois de seu pai abandonar lhe abandonar com sua mãe, Amilton precisou trabalhar para trazer dinheiro pra casa, portanto, quando um vizinho pede um favor em consertar o telhado da casa de graça, o rapaz nega. Anos depois Amilton precisa de um emprego para pagar o funeral de sua mãe, para isso encontrará o mesmo homem que negou ajuda tempos atrás, conseguindo assim emprego no cemitério onde enterrou sua mãe. 

Entretanto, após chegar vários corpos no cemitério por conta de um incêndio trágico no edifício Joelma, fatos estranhos começam a ganhar palco no cemitério. 

Marcus evoca aqui elementos tradicionais do terror em um conto muito bem tecido, não temos a representação gráfica como no conto anterior, mas Os Treze trabalha muito a questão dos espíritos agoniados que foram vítimas daquele incêndio, justamente para tratar de questões mais humanas. O simbolismo e mitologia latina utilizada neste conto me deixou muito feliz! 

 O Homem na Escada, de Victor Bonini

Solange é uma senhora muito gentil, bom, pelo menos é o que todos dizem a respeito da simpática figura. Entretanto algo mais macabro do que aparente se espreita nos corredores daquele prédio, indícios de assassinato se espalham naquele ambiente, porém Solange não se lembra de ter cometido tal atrocidade... Ou se lembra?

A memória vai voltando aos poucos conforme a mulher precisa esconder as evidências de um crime brutal, talvez a figura misteriosa na escada poderá ajudá-la? Mas será que tal ajuda terá um preço?

Dentre os quatro contos presentes neste livro, creio que o conto de Bonini seja o mais tenha me perturbado, isso por conta da história mesmo ser bem chocante e principalmente pelo modo de escrita adotado pelo autor, essa espécie de fragmentos que vai nos levando a conclusões chocantes! 

No geral, O Homem na Escada conseguiu finalizar muito bem o livro com chave de ouro!

7 comentários:

  1. oi!
    Eu quero muito ler Vozes do Joelma, é uma historia parte da historia do pais bem triste e que ate hoje é lembrada.. Eu vi um filme sobre, agora pretendo ler o livro.

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  2. Olá,

    Desde que li sobre o lançamento desse livro fiquei bem curiosa, principalmente por reunir tantos autores conhecidos e de alto nível. Os contos me parecem bem escritos e todos tem um teor bem legal, então já fiquei com muita vontade de me aventurar neles todos. Adorei sua resenha!

    Beijos!

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  3. Estou muito curioso para ler essa obra, pois minha mãe me contou muitos fatos desse edifício, ela presenciou ao vivo e a cores essa tragédia. A minha curiosidade é de saber se a obra é baseado nos acontecimentos reais ou se são contos criados pelos escritores na ficção.

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    Respostas
    1. Contos criados usando como palco o incêndio. Vale muito a pena ler.

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  4. Olá!

    Peguei esse livro para ler essa semana, provavelmente até o final de semana já terei finalizado ele.
    Tenho lido muitos comentários positivos a respeito do conto do Bonini, você não é o primeiro a classifica-lo como o melhor.
    Eu gosto bastante dos quatro autores e já estou curiosa para começar a leitura!

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  5. Tipo de leitura perfeito para uma sexta-feira 13. Eu acho incêndio uma coisa assustadora. Tenho muito medo de morrer em um porque deve ser uma morte muito dolorosa D:

    Obrigado pela indicação ;)


    🌗 Relatos de um Garoto de Outro Planeta

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  6. Eu acho tão delicado o fato dos contos terem relação com essa tragédia.
    Pela sua resenha não tenho dúvidas da qualidade do trabalho. É que me soa um tanto incômodo. Mas, como amante de boas histórias de horror, minha curiosidade foi despertada.

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

Equipe do Porão

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