Autor(a): Marcos Debrito
Editora: Faro Editorial
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Ano de publicação: 2020
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Durante a cruel época escravocrata do Brasil Colônia, histórias aterrorizantes baseadas em crenças africanas e portuguesas deram origem a algumas das lendas mais populares de nosso folclore. Com o passar dos séculos, o horror de mitos assustadores foi sendo substituído por versões mais brandas. Em O Escravo de Capela, uma de nossas fábulas foi recriada desde a origem. Partindo de registros históricos para reconstruir sua mitologia de forma adulta, o autor criou uma narrativa tenebrosa de vingança com elementos mais reais e perversos. Aqui, o capuz avermelhado, sua marca mais conhecida, é deixado de lado para que o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua morte. Uma obra para reencontrar o medo perdido da lenda original e ver ressurgir um mito nacional de forma mais assustadora, em uma trama mórbida repleta de surpresas e reviravoltas.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro O Escravo de Capela, lançado pela editora Faro Editorial. O livro é de autoria de Marcos Debrito.
Quando pegamos algumas das figuras mais famosas da nossa cultura folclórica, temos uma série de contos que são passados para as crianças nos estágios básicos da educação, certo? Pois bem, aqueles contos "infantis" não são exatamente os primeiros que surgiram, e sim adaptações. Podemos dizer que os primeiros contos das principais criaturas folclóricas são bem mais... macabros.
Em O Escravo da Capela, temos um enredo que se passa em um Brasil escravocrata, ambientada no final do século XVIII a história se passa na fazenda da Capela. Pertecente a família Vasconcelos, o sítio é conhecido por suas vastas plantações de cana-de-açúcar.
O senhor da terra possui dois filhos que tem personalidades bem opositoras: de um lado se coloca o cruel Antônio Segundo, de outro o tranquilo Inácio. Nesse cenário beirando ao caótico um novo escravo chega ao local, ali ele conhece os outros escravos que fazem todo o trabalho da fazenda. Tudo transcorre em uma rotina até um acontecimento que irá marcar todos eles de formas diferentes.
Bom, pra começar eu acredito que não tinha lido nenhum outro livro do Marcos Debrito, por isso fiquei bem impressionado com a qualidade de sua escrita, principalmente com o lado visceral que a narrativa adota conforme vamos mergulhando nela. Conforme eu já disse na resenha de "Bom dia, Verônica", é muito interessante quando um autor(a) pega elementos da cultura indígena para atribuir em suas histórias, isso porque tais elementos não foram tão utilizados na literatura nacional contemporânea! E ver obras que remetem a essa cultura é muito interessante.
Por conta desse elemento, conseguimos pegar várias referências da história e da cultura folclórica que nos cerca! Tudo isso com uma característica beeem macabra e um pouco sobrenatural, claro!
Enfim, a leitura de Escravo de Capela é mais do que necessária para quem quer conhecer mais sobre o horror nacional que está vindo com força! Vale também ressaltar essa edição da editora Faro Editorial, com um corte trilateral vermelho e uma diagramação muito confortável, acredito que essa tenha sido uma das edições mais lindas da Faro até então!