Autor(a): Ana Paula Araújo
Editora: Globo Livros
Páginas: 320
Ano de publicação: 2020
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Após quatro anos de pesquisas, viagens pelo país e mais de 100 entrevistas com vítimas e familiares, criminosos, psiquiatras e diversos especialistas no assunto, a jornalista Ana Paula Araújo escreve Abuso - a cultura do estupro no Brasil com coragem e sem meias-verdades. A obra é uma reportagem que trata do medo e vergonha das vítimas, de como elas são julgadas e muitas vezes culpabilizadas pela sociedade e pelo poder público, das dificuldades para denunciar, dos caminhos para superar o trauma e seguir em frente e como atitudes tão entranhadas em nossa sociedade geraram uma verdadeira cultura do estupro em nosso país. Ela também auxilia as vítimas a utilizarem os meios de denúncia disponíveis no país, como o disque 100, e esclarece sobre o direito ao aborto decorrente de estupro, que é autorizado por lei sem que haja queixa na polícia.Ana Paula analisa casos que chocaram os brasileiros e outros tantos que, apesar de bárbaros, ficaram perdidos em meio ao constrangimento das vítimas e à lentidão da lei para mostrar como o estupro afeta toda a rede familiar e deixa marcas indestrutíveis na vida de quem o sofre. Ela acompanha todo o caminho das vítimas por justiça e mostra todas as facetas e implicações desse crime tão cruel e, infelizmente, tão corriqueiro no Brasil.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Abuso: a cultura do estupro no Brasil, lançado pela editora Globo Livros. O livro é de autoria de Ana Paula Araújo.
Em um trabalho de quatro anos, a jornalista e autora deste livro Ana Paula Araújo entrevista diversas vítimas, criminosos e profissionais da área jurídica e psicológica para falar sobre um tema que ainda é considerado um tabu na sociedade: o estupro.
Em um trabalho de quatro anos, a jornalista e autora deste livro Ana Paula Araújo entrevista diversas vítimas, criminosos e profissionais da área jurídica e psicológica para falar sobre um tema que ainda é considerado um tabu na sociedade: o estupro.
Com foco em como a cultura do estupro é propagada em nosso país, a autora estabelece uma grande reportagem com dados precisos e relatos cruéis que podem ocasionar em gatilhos para leitores e leitoras sensíveis, por isso recomendo uma leitura cautelosa.
Como é de se esperar, ler esse livro não foi uma tarefa fácil, por mais que a jornalista responsável por tecer essa matéria tenha sido extremamente responsável e respeitosa em sua abordagem, é natural que ao começar a ler sobre certo caso nosso estômago se embrulhe (e até mesmo lágrimas venham aos olhos). Isso aconteceu algumas vezes comigo.
Mas como eu disse, a escrita de Ana Paula Araújo é responsável e, acima de tudo, informativa. Por ser considerado tabu pela sociedade, o assunto estupro muitas vezes é colocado debaixo dos panos; pessoas que sofrem esse tipo de agressão possuem medo de falar sobre - e muitas vezes até de reportar sobre o crime que sofreu.
No livro Araújo entrevista não só vítimas desses casos, mas também estupradores condenados que cumprem pena. Em um estudo amplo a jornalista analisa como esses homens são vistos por outros detentos e tenta estabelecer uma linha do porquê agem daquela forma.
Por mais que seja uma leitura pesada, é extremamente importante de ser feita, isso por conta das diversas informações uteis que a jornalista coleta durante seu trabalho, informações essenciais para deixar de tratar um assunto tão sério como um tabu.
Não, nunca é a culpa da vítima. Sim, devemos educar crianças e adolescentes para entenderem que certos comportamentos não são aceitáveis e precisam ser reportados. Não, não podemos mais tratar o estupro como um bicho papão que não pode ser pronunciado.
Parece repetitivo e até mesmo óbvio falar coisas como essas, mas ao vermos comentários repletos de ódio e preconceito na internet ou então puxar dados e vermos que apenas cerca de 10% dos casos de estupros são denunciados e devidamente processados pela justiça... Bem, parece que não é tão óbvio assim.