4 de dezembro de 2023

RESENHA: QUEM AINDA ESCREVE POESIA?

 



Organizadores: J. C. Pacheco
Editora: Versiprosa
Páginas: 164
Ano de publicação: 2023
Compre através deste link.

Quem ainda escreve poesia?
Tolos sonhadores,
De amores platônicos,
Em sua cotidiana fantasia,
Em um mundo inânime,
De gente seca e fria,
Nesta terra de homens,
Espúria confraria

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Quem ainda escreve poesia? lançado pela editora Versiprosa. O livro é de autoria de J. C. Pacheco e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.


Em "Quem ainda escreve poesia?" conhecemos um pouco do fazer poético de J.C. Pacheco, que nos conduz por uma viagem íntima através de suas memórias e observações que pode ter retirado de diversos momentos de sua vida. O livro é dividido em seções temáticas como "Vida", "Mundo" e "Fé", e cada um deles trás uma nova faceta a sua escrita. Parece que estamos lendo diversos livros diferentes, mas em todos é possível encontrar algo que torne a escrita de Pacheco única.

O legal do livro é que ele já começa com uma super ambientação no próprio autor, nele Pacheco nos introduz à sua jornada poética, revelando sua infância como um garoto tímido que encontrava refúgio na criação de um mundo imaginário. Essa introdução pessoal é muito importante para todas as poesias que vem pela frente, pois daí passamos a entender melhor toda a perspectiva dele.



Os poemas, escritos de maneira a remeterem a uma certa musicalidade, exploram temas que vão desde a paixão pela pátria até as angústias pessoais, passando por questões contemporâneas, guerra e espiritualidade! Tem poesia pra todos os gostos.

 "Quem ainda escreve poesia?" foi um título que me atraiu logo no começo, achei muito inteligente a forma como ele funciona meio que como uma sátira, sugerindo  uma espécie de ironia que ressoa à medida que nos aprofundamos nas páginas do livro, explorando não apenas a escrita poética, mas também as reações que ela pode evocar naqueles que a encontram.

A construção das poesias é um dos pontos que eu mais gostei.. até porque elas são super leves e fáceis de serem lidas. Pacheco não apenas tece suas opiniões de forma envolvente, mas também convida o leitor a refletir sobre suas próprias motivações para ler poesia. 

"Na primavera,
Flora germina
Caleidoscópio à retina
Espirro todo o tempo
Estação da alergia

Exacerbada libido tem o verão,
Estação do pecado
Diabo adora
Corpos em exposição"

Nesse poema, intitulado "Estações", eu amei como o autor explorou as diversas estações do ano como metáforas para experiências humanas. Ao abordar a primavera, ele destaca o florescimento da flora, mas habilmente introduz um elemento de desconforto, personificando a estação como uma época de alergias constantes (que me assolam, logo em facilmente me identifiquei). 

Essa dualidade sugere uma complexidade nas experiências da vida, onde a beleza muitas vezes coexiste com desafios inesperados.  Aqui, Pachecho parece explorar não apenas as características naturais da estação, mas também as emoções humanas associadas a ela.

De tinta e duras penas
Escreveram-se heroísmo e tragédia
À África ou ao Novo Mundo,
A morte vinha em caravela
Não é um conto shakespeariano
Distorção que se estende por séculos
Precisamente, quinhentos anos

O poema "Mundo Branco, Monocromático" explora a dualidade de um ambiente aparentemente puro e próspero, associado ao branco. O poeta também destaca a narrativa trágica e heroica que se desdobrou ao longo de quinhentos anos de história. A referência à morte vindo em caravela evoca a exploração e as consequências nefastas da colonização. Essa estrofe destaca a carga histórica e social do "mundo branco, monocromático", revelando as cicatrizes de uma narrativa que continua a ecoar através do tempo.


A habilidade de J.C. Pacheco em articular pensamentos complexos de maneira acessível e envolvente faz de "Quem ainda escreve poesia?" uma ótima coletânea  para qualquer apreciador de poesia. A obra não apenas desafia a pergunta do título, mas também nos faz refletir sobre por que continuamos a ler e valorizar a poesia em um mundo cada vez mais acelerado e fragmentado. Recomendo esta obra a todos que buscam uma jornada poética enriquecedora e reflexiva.




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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

Equipe do Porão

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