3 de outubro de 2024

RESENHA: A CAMINHO DE MACONDO

 


Organizadores:   Gabriel García Márquez 
Editora: Record
Páginas: 476
Ano de publicação: 2024
Compre através deste link.

Gabriel García Márquez argumentou em várias ocasiões que primeiro era preciso aprender a escrever um livro e só depois encarar a página em branco. Foram quase vinte anos “vivendo” em Macondo para que aprendesse a escrever sua obra-prima Cem anos de solidão . Nesta antologia, os leitores encontrarão as publicações que precedem a escrita de sua obra mais célebre e que ilustram a gênese da mítica cidade.A caminho de Macondo reúne desde os textos seminais de 1950 a 1954, publicados inicialmente em colunas de jornais e revistas ― alguns com a indicação “Apontamentos para um romance” ―, até o conteúdo integral das obras A revoada (O enterro do diabo) , de 1955, Ninguém escreve ao coronel , de 1961, Os funerais da Mamãe Grande , de 1962, e O veneno da madrugada (A má hora) , de 1966, que marcam o prelúdio efervescente de Cem anos de solidão .Com prefácio da jornalista premiada Alma Guillermoprieto e nota editorial de um especialista na obra do autor, Conrado Zuluaga, esta coletânea nos introduz ao ciclo macondiano e nos guia por personagens, cenários e cheiros que viriam a compor uma das grandes maravilhas da literatura latino-americana, escrita pelo autor colombiano vencedor do Prêmio Nobel e grande mestre do realismo mágico.

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro A caminho de Macondo: Ficções 1950-1966, lançado pela editora Record. O livro é de autoria de Gabriel García Márquez e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 

Pra quem ainda não conhece esse título, A Caminho de Macondo é uma coletânea de contos escritos por García Márquez antes de seu clássico absoluto, Cem Anos de Solidão. Essa coletânea reúne textos que ele escreveu entre 1950 e 1966, uma fase de experimentação e desenvolvimento de ideias que mais tarde dariam forma ao mítico vilarejo de Macondo, o coração do realismo mágico e da obra do autor. 

No livro, já podemos notar o toque inconfundível de García Márquez: aquele realismo mágico que mistura o fantástico com o cotidiano, as histórias impregnadas de mitologia local e o olhar crítico, mas profundamente humano, para as tragédias e belezas da vida. O autor costura, em cada conto, pequenas peças que retratam o universo latino-americano, com suas complexidades sociais, históricas e culturais.

Uma das características mais legais dessa coletânea é como ela mostra um Gabriel García Márquez em construção. A cada conto, a gente vê o autor se aproximando cada vez mais do estilo que o consagraria, mas ao mesmo tempo experimentando formas, narrativas e até temas. Contos como "Monólogo de Isabel vendo chover em Macondo" já nos transportam direto para o universo. O texto é carregado daquele clima meio surreal, onde o tempo parece fluir de maneira diferente e os acontecimentos, por mais estranhos que sejam, são tratados como normais pelos personagens.

Nos contos mais curtos, ele consegue encapsular sentimentos de nostalgia, solidão e até uma certa melancolia por algo que está além do nosso alcance. Há uma magia nesses textos que faz com que eles transcendem o tempo, quase como se estivéssemos lendo as memórias de um lugar que só existe na imaginação.

E claro, como é típico do García Márquez, as críticas sociais estão presentes de forma sutil, mas afiada. Ele nunca fala diretamente, mas está sempre apontando para as desigualdades e injustiças que permeiam a vida na América Latina. Isso é algo que, mais tarde, ele vai aprofundar em suas obras maiores, mas aqui já temos um vislumbre do olhar crítico e sensível do autor para as questões políticas e sociais do seu tempo.

Agora, uma coisa que me chamou muito a atenção nessa coletânea é como Gabriel García Márquez, mesmo sendo um autor tão aclamado pelo fantástico, nunca perde a conexão com a realidade. Ele pode falar de chuvas intermináveis, de fantasmas que caminham pela cidade ou de pessoas que flutuam no ar, mas, no fundo, são histórias sobre gente comum, lidando com os problemas do dia a dia — solidão, amor, perda e, claro, as circunstâncias sociais que os rodeiam.

Se você curte realismo mágico, esse livro é leitura obrigatória. Mesmo sendo uma coletânea de contos que antecede sua obra mais famosa, A Caminho de Macondo é riquíssimo em atmosferas e simbolismos. É como se o próprio Macondo estivesse surgindo das páginas aos poucos, tomando forma, até explodir em toda a sua grandiosidade anos depois.

Então é isso, galera! Se você ainda não leu Gabriel García Márquez ou quer conhecer melhor o início da construção do universo de Macondo, A Caminho de Macondo é o livro ideal. Vai te fazer mergulhar nas raízes de um dos maiores gênios da literatura latino-americana e te deixar ainda mais apaixonado pelo realismo mágico. Leiam e depois me contem o que acharam!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

Equipe do Porão

.

Caixa de Busca

Instagram

Destaque

RESENHA: YOUR NAME

  Organizadores:  Makoto Shinkai e Ranmaru Kotone  Editora: JBC Páginas: 496 Ano de publicação: 2024 Compre através deste link. Ed...

Arquivos

LITERATURA E MÚSICA

LITERATURA E MÚSICA

Posts Populares

ÚLTIMAS LISTAS LITERÁRIAS

Receba as novidades

Tecnologia do Blogger.

SIGA O PORÃO LITERÁRIO!

SIGA O PORÃO LITERÁRIO!