Organizadores: Manuel Bandeira
Editora: Global
Páginas: 96
Ano de publicação: 2024
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Escritos em diferentes etapas de sua jornada na Terra, os textos nos apresentam toda a intensidade da existência de alguém que se conectava de forma natural com o mundo à sua volta. As crônicas escolhidas para esta obra nos levam a um passeio lírico de mãos dadas com Manuel Bandeira. Partilhamos, assim, de passagens e sensações que o cronista viveu e que ficaram em sua memória. O livro foi organizado em quatro blocos temáticos: "Família", "Amigos", "Cidades" e "Festas". Tal tarefa foi realizada pelo editor Gustavo Tuna , ganhador do Prêmio Jabuti pela organização de O poeta e outras crônicas de literatura e vida, de Rubem Braga.Mais uma vez, Tuna nos guia com sensibilidade e olhar atencioso pelos escritos de um grande autor brasileiro. A obra também possui mais uma riqueza: as singelas, belas e, ao mesmo tempo, refinadas ilustrações de Flavio Pessoa. Elas destacam com delicadeza singular momentos icônicos das crônicas aqui reunidas. Entre paisagens pitorescas, diálogos envolventes e emoções profundas, Bandeira nos transporta para uma realidade de sentimentos e experiências únicas. Seja em seus relatos sobre sua família, suas relações calorosas com amigos íntimos, suas impressões sobre os locais que percorreu ou sua fascinação pelas celebrações que vivenciou. Somos presenteados com a visão íntima desse poeta singular. Na travessia do tempo é uma viagem literária cativante, repleta de encanto e emoção.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Na travessia do tempo: Crônicas, lançado pela editora Global. O livro é de autoria de Manuel Bandeira e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Diferente dos poemas pelos quais Bandeira é mais conhecido, Na travessia do tempo é uma coletânea de crônicas, onde ele revisita suas memórias com um tom nostálgico e bem melancólico. O livro nos leva por várias paisagens da vida de Bandeira, desde sua infância e visitas posteriores em Recife até as experiências em cidades como Rio de Janeiro e Paris. As crônicas são quase como um passeio pela memória do autor, e, claro, com aquela leveza característica que faz você se sentir parte das histórias.
Um dos textos mais marcantes é o que abre essa coletânea: Minha Mãe, onde Bandeira faz uma homenagem à figura materna, com uma simplicidade que te pega pela sensibilidade. A forma como ele descreve a sua relação com a mãe é cheia de afeto. Dá pra sentir o peso da saudade nas entrelinhas, algo que permeia boa parte do livro.
Já em Recife e Rio Antigo, Manuel Bandeira faz um resgate nostálgico das duas cidades que foram tão importantes na sua vida. Ele retrata o Recife de sua infância e o Rio de Janeiro que o acolheu na juventude. Mas não pense que é uma simples descrição de lugares. Bandeira usa essas cidades como pano de fundo para refletir sobre as mudanças trazidas pelo tempo. A forma como ele descreve o Rio de Janeiro antigo, por exemplo, é de uma riqueza impressionante. As ruas, os costumes, o jeito de viver das pessoas naquela época – tudo é pintado com um toque de saudade e beleza.
Mas não é só de melancolia que o livro vive! Crônicas como Carnaval e São João mostram o lado mais festivo da vida. Em Carnaval, Bandeira fala dessa grande festa popular com o olhar de quem sempre se encantou com o folclore e a alegria que ela traz. Ele evoca as tradições e a euforia coletiva de uma maneira que só alguém que viveu intensamente essas celebrações conseguiria fazer.
Manuel Bandeira é conhecido por sua linguagem direta e descomplicada, e isso aparece nas crônicas de Na travessia do tempo com força total. Ele não precisa de grandes artifícios literários para emocionar o leitor. É o jeito sincero de contar suas histórias, o afeto que coloca nas palavras e a forma como nos faz sentir nostalgia por um tempo e lugares que muitas vezes nem vivemos.
Essa coletânea é uma verdadeira viagem no tempo, e Bandeira é um guia que nos conduz por essas lembranças com uma mão suave, mas firme. Ele consegue nos transportar para suas memórias, fazendo com que o leitor sinta, junto com ele, a passagem do tempo, as perdas, as alegrias e as saudades.
Recomendo muito essa leitura, galera!