Organizadores: Satoshi Yagisawa
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 176
Ano de publicação: 2024
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Takako é uma jovem de 25 anos que levava uma vida relativaamente tranquila. Até que seu namorado, Hideaki, o homem com quem ela esperava formar uma família, anuncia que vai se casar com outra pessoa. De repente, a vida de Takako começa a desmoronar. Ela sai do emprego e entra numa depressão profunda. No auge do seu desespero, ela recebe uma ligação de Satoru, um tio que ela não via havia muitos anos.Satoru é um homem excêntrico e pouco convencional, principalmente depois que sua esposa, Momoko, o deixou. Ele é quem cuida da livraria Morisaki, que está na família há três gerações; um pequeno espaço, num prédio antigo, em Jinbôchô, o bairro das livrarias de Tóquio, um paraíso para os leitores.Takako é o oposto de Satoru. Mas agora ela se vê obrigada a aceitar a oferta do tio: morar no quartinho em cima da livraria em troca de ajudá-lo na loja. A mudança é temporária, só até ela se reerguer. Porém, nos meses que se seguem, Takako se surpreende ao desenvolver uma paixão pela literatura e tornar-se frequentadora assídua de um café local – onde faz novos amigos e acaba por conhecer um jovem editor que trabalha ali perto e que também está passando por um momento difícil. E, à medida que o verão se vai e o outono chega, Satoru e Takako descobrem que têm mais em comum do que pensavam.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Meus dias na livraria Morisaki, lançado pela Bertrand Brasil. O livro é de autoria de Satoshi Yagisawa. A resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Satoshi Yagisawa nos presenteia com um romance repleto de sutilezas em "Meus dias na livraria Morisaki", uma história que, ao mesmo tempo em que exalta os livros, mergulha profundamente nas complexidades que guardamos dentro de nós mesmos. Publicado originalmente no Japão, o livro nos transporta para Jinbōchō, o famoso bairro das livrarias em Tóquio, onde passado, literatura e renovação se entrelaçam de forma poética e muito forte.
Na história conhecemos Takako, uma jovem desiludida após ser abandonada pelo namorado. Sem rumo e desmotivada, ela se vê obrigada a aceitar a oferta do tio, Satoru, para morar e trabalhar na livraria Morisaki, uma pequena e charmosa livraria de livros usados, que há anos é administrada pela família. Inicialmente relutante, Takako enxerga o lugar apenas como um refúgio temporário, mas, aos poucos, o ambiente acolhedor, os clientes excêntricos e, claro, os próprios livros, começam a transformar sua percepção sobre si mesma e sobre o mundo ao seu redor.
O romance é uma ode aos livros, mas também às segundas chances. A livraria Morisaki é uma personagem viva, com suas prateleiras empoeiradas e histórias acumuladas ao longo do tempo. O bairro de Jinbōchō é tão lindo e bem descrito que transborda das páginas. Juro, fiquei com muita vontade de viver naquela região.
Takako é uma protagonista com quem é fácil se identificar: alguém que, em meio ao caos, precisa reencontrar sua essência. Sua jornada não é grandiosa ou épica, mas é profundamente humana. A relação com o tio Satoru, que é tão peculiar quanto carismático, oferece um toque de leveza e humor à narrativa, ao mesmo tempo em que revela as camadas emocionais de ambos os personagens.
A escrita de Yagisawa é delicada, quase contemplativa. Ele constrói a história em um ritmo que reflete o cotidiano da livraria: lento, mas cheio de significado. Cada diálogo, cada descrição do bairro ou das obras literárias carrega um simbolismo que, quando percebido, enriquece ainda mais a história
Apesar de ser uma história aparentemente simples, "Meus dias na livraria Morisaki" é um lembrete poderoso de que a vida pode ser reconstruída, mesmo nos momentos mais desafiadores. A literatura, aqui, é tanto um refúgio quanto uma ferramenta de autodescoberta.
Recomendo esta leitura para quem busca uma história aconchegante, que fala de recomeços, laços familiares e, acima de tudo, do poder transformador dos livros. É uma narrativa que deixa um calor no peito e uma saudade quase instantânea de seus personagens, especialmente da pequena livraria Morisaki, que, mesmo fictícia, parece ganhar vida em nossos corações.