Organizadores: Adrian Goldsworthy
Editora: Record
Páginas: 604
Ano de publicação: 2024
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A história de Antônio e Cleópatra é a de um choque entre duas culturas, de ambição e crueldade — e também de paixão. Nesta dupla biografia, baseada exclusivamente em fontes antigas e evidências arqueológicas, Adrian Goldsworthy conta com grande habilidade e força narrativa, em seus mínimos detalhes, a verdade sobre o casal, tão fascinante quanto o mito. Antônio foi o homem mais poderoso do mundo romano até ser derrotado pelo jovem e friamente calculista César Augusto, que depois se tornou o primeiro imperador de Roma. Cleópatra era a inteligente, ambiciosa e bela rainha de uma monarquia egípcia. O conflito de culturas, as dinâmicas de poder e a paixão entre os dois provaram-se irresistíveis para os contadores de histórias. Juntos, eles viveram em suntuoso esplendor, lutaram por um império e perderam, antes de darem fim às próprias vidas.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Antônio e Cleópatra: a história dos amantes mais famosos da Antiguidade, lançado pela editora Record. O livro é de autoria de Adrian Goldsworthy e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Adrian Goldsworthy não é estranho ao desafio de explorar personagens históricos de forma humana e meticulosa. Em Antônio e Cleópatra, o historiador oferece um mergulho profundo nas vidas de duas figuras que, embora envoltas em lendas e paixões grandiosas, também foram marcadas por decisões políticas, ambições pessoais e as circunstâncias de uma época turbulenta.
Goldsworthy apresenta a relação entre Marco Antônio e Cleópatra sob uma ótica diferente, desmistificando os exageros narrados por poetas e historiadores romanos e focando em suas motivações como líderes e estrategistas. Ao invés de um romance idealizado, encontramos aqui uma parceria política intrinsecamente ligada às dinâmicas de poder que moldaram o mundo mediterrâneo no século I a.C.
O autor é habilidoso em equilibrar a análise factual com uma narrativa fluida. Por meio de uma pesquisa detalhada, Goldsworthy desvenda as camadas históricas que muitas vezes ofuscam o verdadeiro impacto do casal. Ele contextualiza suas escolhas dentro de um cenário de guerra civil romana, rivalidades internas e as mudanças no poder que culminaram no surgimento do Império Romano sob Augusto.
Algo que me chamou atenção foi como o autor se esforça para apresentar Cleópatra não apenas como uma femme fatale, mas como uma rainha inteligente e estrategista, que soube usar seus recursos – incluindo sua aliança com Marco Antônio – para tentar preservar a independência do Egito. Já Marco Antônio, embora retratado como um homem carismático, também surge aqui como alguém sobrecarregado pelas contradições entre suas ambições pessoais e a realidade política.
Goldsworthy também oferece uma análise fascinante da propaganda usada por Otaviano (futuro Augusto) para moldar a percepção do casal. A campanha que pintou Cleópatra como uma ameaça estrangeira e Antônio como um traidor foi essencial para justificar a guerra que culminou na Batalha de Ácio e, eventualmente, na queda dos dois.
Ao final da leitura, a impressão é de que Goldsworthy nos presenteou com uma visão equilibrada e profundamente humana desses dois gigantes históricos. Recomendo "Antônio e Cleópatra" para quem tem interesse em história antiga, mas também para aqueles que desejam entender como figuras icônicas podem ser, ao mesmo tempo, humanas.