28 de dezembro de 2024

RESENHA: TODAS AS MORTES QUE VIVI

 


Organizadores:  Adriana Miranda 
Editora: SGDZ
Páginas: 188
Ano de publicação: 2024
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Quando a gente diz perdi tudo, na maioria das vezes não é bem assim isso é só maneira de dizer. Sempre sobra alguma coisa. Por mínimo que seja, sempre sobra algo. E é esse algo o que deve ser encontrado, recuperado. No dia 21 de maio de 2008, Adriana Miranda tinha saúde, tinha emprego, tinha planos, tinha mãe. Dez dias depois, não tinha mais nada. Tudo havia desaparecido. Em apenas dez dias, Adriana sofreu três eventos devastadores, que modificaram totalmente sua vida. No dia 21 de maio, ela perdeu injustamente seu emprego, depois de três meses de muita luta no dia 24 de maio, sua mãe faleceu de maneira tola e completamente inesperada e no dia 31 de maio, sofreu um Acidente Vascular Cerebral que deixou a metade direita do seu corpo quase totalmente paralisada. Foi demais. Adriana entrou numa depressão profunda, sentindo-se destruída, acabada, sem saída. Este livro é sobre sua jornada seu antes, durante e depois destes eventos. Aqui ela relata de forma emocionante como, depois de viver um tempo no piloto automático, conseguiu superar as dificuldades e cicatrizar as feridas, emergindo do fundo do poço para colocar sua vida novamente nos eixos, encontrando a serenidade.

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Todas as mortes que vivi: uma jornada de reconstrução ao encontro da serenidade, lançado pela editora SGDZ. O livro é de autoria de  Adriana Miranda  e a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 


"Iriam se passar anos antes que eu dissesse: “sim, hoje me sinto bem em todas as áreas”. Anos. O lado emocional foi, sem dúvida, a parte mais difícil da minha recuperação. Eu estava vivendo vários lutos ao mesmo tempo, sendo o principal, como é óbvio, a perda daminha mãe, do meu porto seguro. Mas são muitas as situações que não são vistas como luto, quando na verdade são, porque são perdas. Luto é qualquer perda. Em pouco tempo eu tinha sofrido a perda do meu emprego, da minha renda, a perda da minha autoestima e até da minha saúde, por causa do AVC."

Poucas vezes encontrei relatos tão impactantes e corajosos como o da autora desse livro, Adriana Miranda. No livro, ela narra sua trajetória de superação após um período que, para qualquer um, pareceria insuportável. Em apenas dez dias, Adriana perdeu o emprego, enfrentou o luto pelo falecimento de sua mãe e sobreviveu a um AVC que afetou parcialmente o lado direito do seu corpo. A sucessão de eventos não só mudou sua vida completamente, mas também deu origem a esta obra honesta e poderosa.


Adriana compartilha não apenas suas dores, mas também os meios pelos quais enfrentou suas "mortes" e encontrou um caminho para reconstruir sua identidade. A escrita, reflete um equilíbrio raro: é ao mesmo tempo crua e esperançosa, tratando temas como luto, saúde mental e aceitação de uma maneira acessível, mas com profundidade.

Adriana também não hesita em criticar algumas das respostas comuns da sociedade e da mídia às crises pessoais. Em um momento tão delicado, ela percebeu que os discursos simplistas e as exigências por resiliência imediata são muitas vezes contraproducentes e pouco empáticos. O livro é um convite à reflexão sobre como lidamos coletivamente com o luto e as adversidades alheias, uma reflexão tão importante quanto íntima.

Algo que me tocou especialmente foi a maneira como Adriana descreve seu processo de reaprendizado. Atividades cotidianas como escrever, caminhar e até mesmo simplesmente existir no mundo precisaram ser renegociadas com seu novo corpo e mente. Esses momentos, narrados com sensibilidade, são um lembrete de como as conquistas diárias – que muitos de nós damos como garantidas – possuem um valor imenso para quem precisa ressignificar sua realidade.


"Todas as Mortes que Vivi" busca conversar diretamente com quem está passando por momentos difíceis ou procurando formas de seguir em frente. É uma leitura inspiradora que mistura reflexão com uma mensagem de esperança prática: a reconstrução é possível, ainda que demorada, ainda que sofrida.

Recomendo demais esta leitura, principalmente para quem precisa de um lembrete sobre a força que carregamos dentro de nós – às vezes esquecida, mas sempre lá, pronta para emergir quando mais precisamos.

"Na parte emocional, passei muito tempo sem conseguir me recuperar e sem escapatória. O que fazer quando você é atingido pelas circunstâncias da vida ao ponto de acreditar que não vai aguentar mais? Por onde você escapa quando não está enxergando a luz nem a porta de saída? O que fazer quando você perde quase tudo? A resposta é mais simples do que eu podia ver naquela época. Quando você perde quase tudo, encontra forças onde menos espera."



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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

Equipe do Porão

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