ENTREVISTA COM MARCO RATIO

 

Olá pessoal do Porão Literário! Hoje vou compartilhar com vocês uma entrevista feita com Marco Ratio, autor de "No horizonte da escuridão mais profunda"

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1. Marco, como surgiu a ideia de interligar contos que, à primeira vista, parecem independentes, mas que no final revelam uma trama maior?

    No início, o livro estava planejado para ser uma história contínua, contada entre os capítulos. O primeiro capítulo seria justamente o conto Anomalias, em que, ao final, o protagonista investigaria o passado para entender o que estava ocorrendo na história.

Entretanto, percebi que seria uma narrativa com muitos flashbacks, o que poderia reduzir a riqueza da história. Foi aí que resolvi pegar tudo o que havia planejado e transformar em contos, permitindo que o leitor, gradativamente, ligasse os pontos e compreendesse o que estava acontecendo. Acredito que esse modelo oferece uma experiência literária mais interessante.

2. O horror cósmico e a ficção científica são os pilares do livro. Quais foram suas principais influências dentro desses gêneros ao criar No Horizonte da Escuridão Mais Profunda?

    Sem dúvida, tenho Lovecraft e Asimov como as maiores referências para este livro. Além disso, a base filosófica para refletir sobre a natureza do que é humano na obra é fortemente nietzschiana.

3. Os contos apresentam cenários tão variados quanto futuros distópicos e planetas inóspitos. Como você equilibrou essa diversidade temática sem perder a coesão da narrativa geral?

    Essa foi a parte mais difícil: criar um enredo coeso. Escrevi e reescrevi várias passagens e fiquei muito atento ao ano em que cada conto se passa, garantindo a coerência da história geral. Não queria entregar tudo de imediato, pois o objetivo era despertar a curiosidade do leitor, levando-o a continuar a leitura para entender mais sobre os eventos. Ao mesmo tempo, não queria que fosse uma história cujo final deixasse o leitor sem uma noção clara da natureza dos eventos, o que poderia gerar frustração ao concluir o livro.

4. Seus personagens têm camadas complexas e são confrontados com questões éticas e existenciais. Como você desenvolve essas personalidades? Quais foram seus personagens preferidos de desenvolver?

    Aqui eu tenho uma vantagem: sou professor universitário de Psicologia e psicoterapeuta há 18 anos. Boa parte da minha vida profissional envolve lidar com questões éticas e existenciais, seja na convivência com alunos, seja no processo profundo da psicoterapia. No Horizonte da Escuridão Mais Profunda é meu terceiro livro, e tanto nele quanto nas outras duas obras, procuro evitar o maniqueísmo na construção dos personagens. 

5. Existe alguma história ou personagem deste livro que tenha um significado especial para você? Ou que você pretenda revisitar no futuro?

    Todos os personagens foram muito divertidos de construir. Particularmente, gosto muito de Laura, do conto Felicidade. Entretanto, pela forma como cada história foi escrita com seus respectivos desfechos, acho que o que poderia ser facilmente continuado seria Juliano, do conto Fragmentos da Escuridão. Como expliquei na carta ao leitor, a história é uma homenagem ao personagem Explorador, do canal no YouTube Explorando Segredos e Mistérios. Criei uma origem alternativa para ele, e que permite o uso do personagem em várias outras histórias, embora, no momento, eu não tenha planos para isso.