Organizadores: Maurizio Ruzzi
Editora: Talentos da Literatura Brasileira
Páginas: 176
Ano de publicação: 2024
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Abre este livro, leitor. Abre-o, e vê seu conteúdo. Não apenas olhes, mas vê...O que vais ver ao abri-lo? Histórias contadas com palavras e imagens, páginas compostas para serem tão apreciadas como lidas. Histórias passadas num tempo já ido, histórias por vezes manchadas de sangue, histórias de vida e de morte, de início, de fim e recomeço. Contos entrelaçados como elos de uma corrente, que tentam responder a uma questão simples: terão já sido escritos todos os livros? Com "Contos do machado" queremos dizer, queremos gritar que não, não! Muitos livros ainda podem ser escritos, muitas histórias podem ser contadas. Abre este livro, leitor, é o convite que te fazemos. Ou melhor, é um desafio, feito olhando no fundo de teus olhos, feito com toda a tensão que pode existir entre autor e leitor, com todas as expectativas, desgostos e surpresas que esta relação pode trazer. Mas, sobretudo, feito estritamente dentro do código de honra da literatura: todos os golpes serão no coração.
Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Contos do Machado, lançado pela editora Talentos da Literatura Brasileira. O livro é de autoria de Maurizio Ruzzi e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.
Vamos lá! Primeiramente, esse é meu terceiro contato com a escrita de Maurizio Ruzzi, e acredito que esse tenha sido meu livro preferido dele até então! "Contos do machado" é uma coletânea de contos que gira em torno de um machado medieval, mas não pense que estamos falando de uma mera ferramenta. Esse machado é muito mais do que isso: é uma arma, um símbolo de poder, uma extensão da alma de quem o empunha. E, ao longo das histórias, ele revela os valores, medos e ambições dos personagens que cruzam seu caminho.
Não seria estranho dizer que o machado aqui é um personagem. Ele está presente em cada conto, seja nas mãos de um ferreiro obcecado pela perfeição, seja nas mãos de guerreiros que veem nele uma chance de glória ou destruição. E o mais interessante é como Ruzzi usa o machado para explorar temas profundos, como honra, traição e a dualidade entre vida e morte.
Tudo isso começa quando Rudolph escreve uma carta ao seu irmão enquanto viaja pela europa. Seu propósito é de entender mais sobre seus próprios antepassados. Algumas pistas o leva a casa de um casal de idosos e uma fotografia antiga de um homem com um machado medieval. Essa fotografia o leva a história de seu bisavô e volta muito mais no tempo até a era medieval.
"Martelar o metal era um ótimo remédio para lidar com tudo. Batia, batia e batia [...] Entre as fagulhas, seu sorriso crispava seu rosto, os olhos brilhando como os de um demônio do fogo."
Os contos são ambientados em uma europa medieval imaginária, onde mitos e relatos orais se entrelaçam. A estrutura fragmentada — com histórias passadas de geração em geração — foi um dos pontos que mais me chamou a atenção na obra, isso porque realmente parece que estamos lendo relatos muitos antigos, crônicas de mercenários, guerreiros e reis.
A prosa de Ruzzi é densa e violenta, com descrições que alternam entre a brutalidade das batalhas e a delicadeza de momentos introspectivos.É legal avisar que os próprios personagens são colocados como secundários, a maioria nem tem nome e serve de "objeto" ao próprio machado, que toma o protagonismo.
E não posso deixar de falar das ilustrações belíssimas de Juno Hedel, que são um dos grandes trunfos do livro. Com traços marcantes e cheios de detalhes, elas complementam a narrativa e nos transporta para vilarejos sombrios e campos de batalha.
Enfim, "Contos do Machado" é uma experiência literária intensa, ideal para quem aprecia histórias brutais com camadas simbólicas. Ruzzi acerta ao transformar um objeto cotidiano em epicentro de conflitos humanos! Se você está disposto a encarar suas sombras, a jornada valerá a pena. E, como diria o próprio autor, este livro é um "desafio feito olhando no fundo de teus olhos", onde "todos os golpes serão no coração".