13 de fevereiro de 2025

RESENHA: POESIAS ACIDENTAIS

 


Organizadores: Cris Vaccarezza
Editora: Viseu
Páginas: 86
Ano de publicação: 2024
Compre através deste link.

E se fosse possível observar acidentalmente a vida e romanceá-la a bel-prazer, traduzindo em poesia o estressante cotidiano? Que tal um convite para pegar sua bebida favorita, sentar-se confortavelmente e viajar?Poesias Acidentais é uma obra literária de grande sensibilidade, que explora a profundidade da experiência humana por meio da poesia. Nela estão compilados uma série de poemas que articulam experiências pessoais e reflexões sobre a vida, o amor, a dor e a redenção. Os textos variam desde contemplações introspectivas até narrativas mais extrovertidas sobre as interações sociais, todas tecidas com uma sensibilidade aguçada e uma perspectiva única.A obra é um mergulho profundo na expressão poética contemporânea. Sua tese principal gira em torno da exploração da solidão, da introspecção e do impacto emocional nas relações interpessoais, abordando a complexidade das emoções e as nuances da experiência humana.

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Poesias acidentais, lançado pela editora Viseu. 
O livro é de autoria de Cris Vaccarezza e 
a resenha foi escrita por Leonardo Santos. 


Se você já pensou que o cotidiano precisa de mais magia — mesmo que seja a magia das palavras —, eu acho que esse livro é seu novo melhor amigo.

"Poesias acidentais" é uma coletânea de poemas que transformam situações banais em coisas extraordinárias. Cris, a autora dessa antologia, não romantiza a vida, mas a espreme até extrair beleza até da dor mais seca, e talvez seja por isso que eu tenha gostado tanto de seus versos. Em "Eco", por exemplo, a autora pega a angústia de um amor não correspondido e joga na sua cara com uma força que dói:

“Subiu no penhasco mais alto [...] 
gritou a plenos pulmões para o vale deserto: 
‘eu podia te fazer feliz!!!’ Ouviu apenas: ‘Feliz... eliz... eliz...’”.

O eco vazio é a realidade de quem já tentou salvar um amor que só existia na própria cabeça. Pra mim, o poema fala da comunicação falha, mas também da solidão moderna: a gente grita em redes sociais, em apps de relacionamento, em memes, e o que volta é um vácuo. O vale deserto? Somos nós, rolando o feed às 2h da manhã. É poesia pra quem já sentiu que falava sozinho, mesmo cercado de gente.

“Nesse ciclo infinito de impermanências,
perdia-se entretida com as chegadas
e surpreendida com as partidas.
Os dias eram um chegar e partir infinito.
Mas, enfim, não é disso que é feita a vida?
Não sabia. Não havia como saber.
Ainda assim, intrépida, vivia.”

Já o poema "Cíclico" explora a dualidade entre aceitação e resistência. A repetição de "chegadas" e "partidas", por exemplo, parece se conectar com a natureza fugaz das experiências humanas, enquanto o verso final — "Ainda assim, intrépida, vivia" — celebra a resiliência diante do efêmero.

Não há julgamento sobre a dor da perda, apenas um reconhecimento de que a vida é feita desses ciclos. A força do poema está em sua universalidade: todos carregamos histórias de despedidas, mas seguimos em frente, mesmo sem respostas.

E por aí vai... A concepção desses versos é incrível e se torna uma tarefa extremamente prazerosa analisar todos eles!  A imagem dos "lábios que se unem até faltar ar", presente no poema "Clandestino", mostra essaa intensidade sufocante de relações baseadas em prazer imediato, mas vazias de compromisso. 

Ainda nele, achei linda essa construção de "Abortaremos um amor por medo e pressa" que fala sobre a autossabotagem inerente a esses vínculos — um tema atual em uma era de conexões superficiais. A ausência de diálogo ("uma comunicação que prescinde palavras") reforça a solidão mesmo na proximidade física, tornando o poema um retrato cru da fragilidade emocional contemporânea.

Enfim, gente! Cris Vaccarezza domina a arte de transformar angústias cotidianas em versos que ecoam verdades universais, sem perder a nuance pessoal. Seus poemas são espelhos embaçados, mas honestos, refletindo tanto nossa luz quanto nossas sombras.

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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