9 de março de 2025

RESENHA: MULHERES DE TROIA

 


Organizadores: Pat Barker
Editora: Excelsior
Páginas: 272
Ano de publicação: 2024
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Troia finalmente caiu. Os gregos venceram sua guerra sangrenta e podem retornar para casa vitoriosos, tudo o que precisam é somente de um bom vento para encher suas velas. Contudo, o vento desapareceu; os deuses vingativos acalmaram os mares, e dessa forma os guerreiros permanecem em um limbo – acampados à sombra da cidade que destruíram, na companhia das mulheres que roubaram dela, as mulheres de Troia. Helena, pobre Helena, teve toda sua beleza e graciosidade transformadas em um osso roído pelo qual cães selvagens brigavam. Cassandra, que aprendeu a não se apegar às próprias profecias, só acreditava nelas quando um homem as proferisse. A teimosa Amina, com o olhar ainda fixo nas torres arruinadas de Troia, e determinada a vingar o assassinato de seu rei. Hécuba, que uivava e arranhava as próprias faces na praia silenciosa, como se pudesse fazer seus gritos serem ouvidos nos sombrios salões do Hades. E Briseida, que carregava no ventre o filho do falecido herói Aquiles, e via-se mais uma vez envolvida nas disputas de homens violentos e confrontada com a chance de moldar a história. 

 

Fala galera do Porão Literário, tudo certo? Hoje minha resenha é do livro Mulheres de Troia, lançado pela editora Excelsior. O livro é de autoria de Pat Barker e a resenha foi escrita por Leonardo Santos.


Esse é meu primeiro contato com a escrita de Pat Barket, que ficou muito famosa por trazer releituras de mitos gregos em uma perspectiva mais contemporânea. Como sou muito fã de recepções de clássicos, dei uma chance para Pat e não me arrependi!  Decidi começar por  "Mulheres de Troia" e posso dizer que essa é uma obra que realmente se destaca. 


Barker consegue, com uma escrita direta e sem rodeios, transformar o velho mito de Troia numa história atual e íntima. Em vez de focar nos feitos heroicos dos homens (Odisseu, Aquiles e tantos outros já que ouvimos falar e MUITO), a autora nos leva a um cenário onde os gregos, mesmo tendo conquistado a cidade, ficam presos num limbo: o vento se apagou e os deuses, irritados, adiaram o regresso.

No meio desse clima de incerteza e tensão, a narrativa se volta para as mulheres – aquelas que, depois da queda, tiveram suas vidas despedaçadas e suas histórias silenciadas. Helena, por exemplo, deixa de ser a bela e admirada figura que conhecíamos, transformando-se num símbolo de decadência. 


Cassandra, que aprendeu a duvidar das próprias profecias, e Amina, com seu olhar fixo nas torres em ruínas, revelam um desejo de vingança e de retomar o que lhes foi tirado. Hécuba, que se vê impotente diante do desespero, e Briseida, agora carregando o filho de Aquiles, surgem com a força de quem não aceita a submissão.

Barker não economiza nos detalhes cruéis da guerra e da escravidão. Cada personagem feminina tem sua própria história de dor e resistência, mostrando que, mesmo na vitória dos homens, o preço pago é altíssimo e que também não costuma ser muito comentado. A autora já entra no meu panteão de autoras preferidas composto por Madeline Miller e Natalie Hayne. 


Por favor, leiam esse livro! Principalmente para quem está querendo um grande épico que evoca uma perspectiva diferente daquela que já cansamos de ler ou ver na grande mídia! 

 

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Leonardo Santos



Olá leitories! Meu nome é Leonardo Santos, tenho 28 anos, sou de São Paulo mas atualmente estou em Guarulhos cursando Letras! Minha paixão pela leitura começou desde muito cedo, e é um prazer compartilhar minhas leituras e experiência com vocês!

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